Por Luís Fernando Xavier (líder do DaM)
"De sorte que transportavam os enfermos para as ruas, e os punham em leitos e em camilhas para que ao menos a sombra de Pedro, quando este passasse, cobrisse alguns deles." (Atos 5:15)
Eu já ouvi muitos questionarem com amargura o motivo de não vermos os mesmos milagres dos tempos em que Jesus caminhava por essa terra acontecerem em nosso cotidiano. Muita gente ainda se indigna pelo fato de nunca ter visto sua sombra curar alguém e ainda acha que não fomos capazes de fazer obras maiores. Eu também já me fiz essas perguntas e questionei amargurado, mas isso mudou recentemente. Penso que o problema está na forma como enxergamos as pessoas e o mundo.
Para começar, o maior interesse de Jesus nunca esteve no exterior (e ainda bem). Seu foco esteve no perdão, na misericórdia, na alma. Ele sabe o quanto nosso ser caído é capaz de nos causar danos e, por isso, escolheu começar pela cura da alma para depois alcançar nossa carne (Mc 2:4-12).
De qualquer forma, nem todos foram capazes de enxergar isso. Tão somente se apresentar como homem ordinário, filho de Deus e rei às avessas seria pouco para expandir o seu reino celestial. Foi necessário mostrar poder, mostrar que ele não estava sozinho, mas contava com o todo-poderoso em sua retaguarda. Através dos milagres muitos entenderam que no meio de tantos falsos profetas, existia um Deus vivo e verdadeiro que se importava.
E hoje? Como andamos? Com a cura física muitos começaram a pensar que poderiam barganhar com Deus, que somos nós que escolhemos como ele deve agir. Pobres ignorantes! O segredo do reino embora disponível para muitos, é para poucos.
Deus continua mais preocupado com o interior que com o exterior. Talvez em alguns países essas curas físicas ainda precisem acontecer em larga escala, mas em geral, no contexto onde estou inserido, a maior necessidade está na mudança da mente. Este sim sempre foi e será o maior milagre.
É claro que enquanto você lê este texto centenas, talvez milhares, estejam sendo curados de câncer, esterilidade, cegueira... Mas quantos estão tendo sua mente verdadeiramente mudada? E se estão vivendo este processo, por quanto tempo a mudança continuará?
Isso me faz lembrar o tempo em que estive na Europa. As pessoas com quem conversei, a dureza e frieza do coração, o orgulho, as convicções, o conforto... Ver uma pessoa mudar de idéia, nascer de novo numa incubadora dessas... Isso é tão único e especial quanto ver minha sombra curar alguém.
Da próxima vez que pensar em reclamar do por quê de tanta doença nesse mundo cruel e da passividade de muitos cristãos, tente ser mais parecido com Jesus. Não enxergue apenas a doença exposta, busque aquilo que ninguém conseguiu enxergar. Ainda.